sábado, 11 de fevereiro de 2012

Sentimento só do mundo?

"Tenho apenas duas mãos/e o sentimento do mundo/mas estou cheio de escravos,/minhas lembraças escorrem/e o corpo transige/na confluência do amor./Quando me levantar, o céu/estará morto e saqueado,/eu mesmo estarei morto,/morto meu desejo, morto/o pântano sem acordes./Os camaradas não disseram/que havia uma guerra/e era necessário/trazer fogo e alimento./Sinto-me disperso,/anterior a fronteiras,/humildemente vos peço/que me perdoeis./Quando os corpos passarem,/eu ficarei sozinho/desfiando a recordação/do sineiro,da viúva e do microscopista/que habitavam a barraca/e não foram encontrados/ao amanhecer/esse amanhacer/mais noite que a noite."

Sentimentos, são como os deuses antigos, criam, iluminam e são convocados na guerra (seja ela interna ou não); entretanto são estes próprios deuses sentimentos que destroem e derrubam, que fazem da humanidade brinquedo em suas mãos. Cabê a cada um venera-los ou enfreta-los, porque sentimentos não são bons, nem ruins; são o começo e o fim. Começo de uma nova paixão, começo de uma tristeza, estão nos olhares e nas ações. Não julgue-os, pois eles não o fazem contigo. Apenas tente ouvir você antes deles, para que na hora em que se unir a um, faça por inteiro. Consequências viram, afinal, estas são o despertar de novos sentimentos, apenas creça e saiba que eles estaram sempre contigo. Por fim, sentimentos são passageiros, mas ações são eternas.

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